Aí, para completar, alguma aula não atinge o que eu gostaria ou planejei e vem a frustração, desmotivação. Uma suposta constatação de que realmente tenho que parar...
Ora, essa desmotivação é resultado, muitas das vezes, de uma visão distorcida que estou tendo da tarefa. Costuma ser fruto de uma visão imediatista de resultados e de uma falta de concentração no objetivo real da evangelização.
Ficou repetitivo mediante o que já estudamos aqui no blog, não?
Ficou não. Ainda temos dúvidas em conjunto sobre isso. Nossa ficha ainda não caiu e ainda nos vemos fazendo planejamento puramente didático de uma aula, com preocupações muito imediatistas quanto aos resultados dessa semeadura, sem vistas futuras, sem planejamento em longo prazo.
E aí ficamos frustrados, desmotivados, nos achando incapazes de uma tarefa tão grande, com idéias derrotistas e não verdadeiras de nosso real papel na seara do Cristo. Daqui a pouco estamos abandonando a tarefa e perdendo uma oportunidade de ouro em nossa reencarnação, e uma oportunidade que nós mesmos pedimos (ou imploramos?!) e para qual fomos preparados no plano espiritual, pois ninguém está na tarefa por acaso. Ou seja, possuímos todos os recursos para o sucesso do empreendimento, sem dúvida.
Acontece que, uma vez reencarnados, é natural ficarmos um pouco confusos no início de nossa tarefa, já que o esquecimento do passado não nos permite lembrar na íntegra toda a preparação que tivemos no Plano Espiritual. Mas ela está aqui, em nós, no nosso subconsciente e, se vencermos as idéias derrotistas frutos de nosso imediatismo e nosso comodismo, com certeza podemos nos certificar disso. Além disso, ainda temos uma enorme equipe de especialistas desencarnados que nos ajudam sempre que solicitamos ajuda e nos colocamos em sintonia com eles, com uma prece e boa vontade com o trabalho.
Como diria Oscar Wild, TODO O UNIVERSO ESTÁ CONSPIRANDO A NOSSO FAVOR. Todo um conjunto enorme de espíritos iluminados, responsáveis pelo processo de Regeneração Planetária, está conosco nesta tarefa. Não estamos sozinhos, espiritualmente falando
Materialmente falando, também não, pois os evangelizadores, de modo geral, todos fazemos parte de uma grande equipe, que não trabalha sozinha. Podemos contar com nosso coordenador, desde que refreemos nossas tendências ao melindre ou à super sensibilidade, com nossos colegas da mesma casa, com colegas de outras casas, de outras cidades, outros estados. Prova disso é este blog. Tenho batido papo com pessoas do Brasil inteiro, o que tem me deixado muito feliz. Somos muitos. Uma equipe enorme, Graças a Deus. Podemos falar qualquer coisa, menos que estamos sozinhos.
Não é uma visão otimista apenas. É uma visão real, baseada em constatação lógica.
Ora, seremos menos pessimistas e mais eficientes quando aprendermos a visualizar a evangelização como um todo. Com resultados para uma reencarnação, e não somente para a infância de um espírito. E às vezes, não somente para a reencarnação, mas para a evolução de um espírito.
Quando preparo um tema, tenho que ter em mente que aquilo é apenas parte de um conjunto coeso, que está sendo trabalhado o ano inteiro. Existe um tema anterior e um posterior que devem encadear-se. E todos juntos formam um objetivo anual, que não foi pensado apenas como instrumento para ensinar doutrina espírita às crianças, mas como um programa elaborado para favorecer o sucesso da evangelização, mediante as características das crianças daquela casa espírita.
Na casa em que freqüento, o temário é decidido após uma análise do ano que termina, os resultados que podemos observar nas crianças, as dificuldades que elas apresentam de modo geral, as habilidades que vêm desenvolvendo, as necessidades que demonstram, seja em sala ou na vivência familiar. As observações dos evangelizadores, no que diz respeito a cada criança, acaba traçando um perfil geral da sala de evangelização. E isso acaba gerando um perfil geral da tarefa, que conduz a criação do temário anual. E este se torna um instrumento importante para auxiliar o evangelizador a organizar seus objetivos dentro das necessidades de suas crianças.
Eis uma visão mais ampla de minha tarefa. Com base nessa visão, fica bem mais fácil eu traçar o objetivo daquele tema, no contexto geral, para cada criança.
Ex: O Tema Perispírito. O Tema anterior era Imortalidade da Alma, e o Posterior será Plano Espiritual. Encadeando estes temas, já tenho um objetivo mais ou menos traçado, não é verdade? Sendo assim, me pergunto: dentro do perfil geral de minhas crianças, qual o objetivo de minha aula? Que tipo de temática moralizadora vou aliar ao conhecimento doutrinário e evangélico? Por exemplo, ao estudar perispírito, posso abordar questões como obediência, disciplina, vigilância... Traçando esta diretriz, qual passagem do Evangelho vou trabalhar? Posso trabalhar a Parábola do Festim das Bodas ou a Passagem que Jesus diz que a Candeia do corpo são os olhos, para trabalhar meu comportamento e meu perispírito, por exemplo. Qual enfoque doutrinário vou utilizar? Quais questões do Livro dos Espíritos? Qual item de O Evangelho Segundo o Espiritismo? Posso trabalhar os Fluidos neste contexto, estudando a Gênese, de Allan Kardec. Vou utilizar quais obras subsidiárias? O livro Evolução Em Dois Mundos trás aspectos muito interessantes, trabalhando, por exemplo, o corpo mental, que muito interessa quando desenvolvo essa temática.
Quando me faço esse tipo de pergunta, consigo me direcionar melhor nos estudos e focalizar melhor meus objetivos. As idéias fluem naturalmente. Surgem idéias, dinâmicas, lembramos músicas da evangelização que podemos usar, recordamos algumas histórias, lembramos dos amigos que podem nos auxiliar...
E os resultados vão aparecendo aos poucos, mandando a desmotivação embora.
Em tarefas sérias como a Evangelização, não podemos jamais dar espaço a idéias derrotistas e pessimistas. Somos todos, dentro de nossas possibilidades, trabalhadores de Jesus e o Cristo jamais abandona seus trabalhadores.
Não pensemos naquilo que ainda não temos para dar. Pensemos naquilo que já temos e como podemos potencializar esses recursos para desenvolvermos nosso trabalho de maneira eficaz.
Tudo se torna mais fácil e gostoso quando eu entrego a direção do trabalho a quem ela realmente pertence: A Jesus.
Se eu realmente creio que Jesus está tomando conta de sua Seara, vou compreender que eu não estaria nesse trabalho se não tivesse nada a oferecer. Ora, se Ele me aceitou no trabalho, apesar de todas as minhas dificuldades, ao invés de perder tempo contabilizando os meus problemas evolutivos ou meus defeitos, eu serei mais produtiva potencializando aquilo que pode favorecer meu crescimento dentro da tarefa.
Ninguém precisa ser perfeito para estar na tarefa de evangelização. Mesmo porque, se precisasse, não haveriam trabalhadores, já que o planeta ainda não é um Mundo Ditoso, não é verdade? Mas, com certeza, todos nós necessitamos da tarefa para nos aperfeiçoar.
VAMOS LÁ! SORRIA! VOCÊ É UM TRABALHADOR DO CRISTO. FOI ESCOLHIDO POR ELE ESPECIALMENTE PARA ESTA TAREFA!
Para completar e espantar de vez a coisa do derrotismo e da desmotivação, estudar juntos a lição abaixo:
SEM MERECIMENTO
Chico Xavier
“Em nossa reunião falava-se a respeito das pessoas consideradas sem merecimento para a execução de tarefas espirituais e a nossa irmã de sempre, Maria Dolores, escreveu por nosso intermédio a mensagem que intitulou “Pai Sempre”. O texto em estudo eram os itens 11 e 12 do capítulo XXIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo que se ajustava ao assunto, dando motivo a edificantes comentários.”
PAI SEMPRE
Maria Dolores
Alguém te disse, alma querida e boa,
Que os Espíritos Nobres
Nunca se valem de pessoa
Claramente imperfeita
Em tarefas de amor à Humanidade...
Por isso mesmo o escrúpulo te invade
E, receando a própria imperfeição,
Foges do privilégio de servir
Em que o Senhor te pede trabalhar
A fim de conquistar
O Celeste Porvir...
Reflitamos, no entanto,
Entre simples lições da Natureza:
A semente germina em lauréis de esperança,
Muita vez sob a lama asco rosa e indefesa;
A fonte não seria exemplo de bondade
Em que a vida enxameia,
Se recusasse deslizar
Sobre tratos de terra e lâminas de areia...
Olha as flores do charco
Embalsamando campos e caminhos,
A rosa não desdenha florescer
Entre punhais de espinhos...
Pensa ainda conosco
Nas fraquezas e lágrimas que levas.
O Sol seria o Sol
Se fugisse das trevas?
Esquece pessimismo, acusação, censura,
Nada te desanime, ergue-te e vem...
Conquanto enferma e rude, mesmo assim,
Se te encontras na sombra, avança para a luz,
Sem desertar, porém, de servir com Jesus!
Vem cooperar no amor que devemos ao mundo
E entenderás, por fim,
Que só se vence o mal pelo serviço ao Bem
E que a bênção de Deus jamais nos desampara
Nem despreza a ninguém.
O DOENTE E O REMÉDIO
Irmão Saulo
Quando os fariseus censuraram Jesus por sentar-se à mesa com publicanos e pecadores, Ele respondeu: “O sãos não precisam de médico, mas sim os enfermos”. Essa é a lição evangélica tratada nos itens 11 e 12 do capítulo XXIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Como vemos, os temas de estudo nas reuniões públicas com Chico Xavier sempre concordam com os problemas principais que os visitantes de várias cidades vão lá discutir. Os livros são abertos ao acaso, de maneira que essa constância no acerto dos temas basta para provar a ação dos Espíritos no desenrolar dos trabalhos.
As atividades espíritas são o meio certo para a cura dos doentes da alma. A terapêutica ocupacional, que é a cura por meio do trabalho, muito antes de ser descoberta pela Medicina era empregada no Cristianismo primitivo. Todos os que lutaram pela implantação do Cristianismo encaminharam os fracos, os doentes, os viciosos à cura através da execução de tarefas na seara. Há um princípio pedagógico segundo a qual só se aprende fazendo. Como aprender as lições da elevação espiritual sem praticá-las? A aptidão para o bem se adquire na prática do bem.
As pessoas consideradas sem merecimento para a execução de tarefas espirituais são as que mais necessitam de executá-las. Porque o merecimento vem precisamente do esforço e da dedicação. Comentando que a mediunidade e concedida sem distinção, sem escolha, Kardec lembra que ela é dada “aos virtuosos para os fortalecer no bem e aos viciosos para os corrigir”. E acrescenta: “Estes últimos são Os doentes Que precisam de médico”.
Maria Dolores, nas suas comparações poéticas, mostra-nos o mesmo princípio ao afirmar: “... só se vence o mal pelo serviço ao bem”. Se o serviço do bem é o remédio para o mal, como curar o doente que se recusa a tomar o remédio? As pessoas que se sentem inúteis porque se reconhecem cheias de imperfeições e defeitos deviam lembrar-se de que Jesus não procurou anjos nem sábios para o serviço do Evangelho, mas homens rudes e imperfeitos que se aprimoraram na execução de tarefas do seu ministério.
Do livro “Na Era do Espírito”. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos