Vamos à mais uma troca de emails.
Bem, primeiro, gostaria de deixar claro de novo que as sugestões que aqui são deixadas são mais ou menos adaptadas à realidade das crianças do evangelizador que se comunica comigo. Como que eu sei dessa realidade? Ou eu conheço o trabalho da casa que o evangelizador frequenta (o que é o caso deste email) ou eu mando uma listinha de perguntas para o evangelizador responder pra mim, para eu ter uma idéia, mesmo que muito inexata, do que é o trabalho dele.
A listinha:
Qual a idade de suas crianças? Há quanto tempo está evangelizando esta sala? Existem outro(s) evangelizador(es) ou monitor (es) na sala? São crianças carentes ou filhos de trabalhadores da casa? Qual o tempo de evangelização (1 hora? Mais?)? Qual a abordagem que você pretende dar ao tema? Com qual passagem do evangelho vai trabalhar o tema? E das obras básicas, o que usará? Qual o seu objetivo junto às crianças (por exemplo: Consolar, Formar trabalhadores da Casa...?)Vai utilizar alguma mensagem de obra subsidiária? Qual? Após estudar o tema, pretende usar alguma história como referência prática? Qual?Qual o perfil psicológico geral de suas crianças (são tímidas, expansivas, agressivas, etc)? As famílias dessas crianças, de modo geral, freqüenta a casa espírita no mesmo horário em que acontece a evangelização?
O povo acha que é má vontade minha ou implicância, mas como é possível preparar uma evangelização sem saber para quem estamos preparando? Sem saber o objetivo? Senão, estaremos apenas preparando "aula"! E o que queremos é evangelizar!!!!
Na verdade, cabem muitas outras perguntas, mas essas é só pra dar uma idéia do tipo de sugestão que poderei dar ao evangelizador, sem comprometer o trabalho dele. O evangelizador mesmo deve-se fazer uma lista de perguntas muito maiores que esta.
Vamos ao caso:
Me foi pedido por email sugestão de evangelização com o tema Respeito à Propriedade Alheia, para crianças carentes com a idade de 6 e 7 anos (conheço o trabalho da casa espírita em questão e até sei, mais ou menos, o perfil das crianças atendidas.)
Então vamos lá.
Eu sugeri à evangelizadora que preparasse imagens de uma família em forma de bonecos, que podem ser de papelão, isopor, papel cartão, etc, bem grandes, para poderem pregar na parede (cuidado! Depende das normas da casa espírita. Algumas são preparadas e até azulejadas para tal fim) ou colocar de pé de alguma maneira. Para cada figura, preparar uma caixa para colocar objetos, e ser colocada de frente à figura.
Então, você leva para a sala vários objetos que tem haver com as figuras, por exemplo baton, roupa masculina, roupa feminina, brinquedo de menina, brinquedo de menino, roupa de menino e de menina, ferramenta, material escolar, óculos, utencílios, etc, etc. Cuidado na escolha dos objetos. Não exponha a criança a nenhum perigo, a constrangimentos e nem a idéias que não valem a pena. Tenha discernimento e equilíbrio, levando em conta o perfil de sua criança. A mensagem deve ser sempre (SEMPREEEE!!!) positiva.
Também vale figuras, ao invés de objetos. Eu prefiro objetos porque fica mais lúdico.
Bem, aí, o evangelizador começa a evangelização com uma dinâmica onde cada criança vai ter que escolher o objeto e colocá-lo na caixinha de quem ela acha que ele pertence. Por exemplo, a gravata é do pai ou do avô. O sapato de menina, na menina, a maquiagem da mãe... Etc. O evangelizador vai ajudando-o. Então o evangelizador vai iniciar mostrando como é importante a fraternidade, seja na hora de emprestar, seja na hora de respeitar as "coisas" que pertencem aos outros. Sobre como gostamos que nos respeitem também. E que isso começa em nosso lar, mas se estende pelo mundo inteiro, quando respeitamos as coisas das pessoas que nem conhecemos, sendo honestos e fraternos. E respeitando também aquilo que pertence a todos, como os lugares públicos, a sala de evangelização, os objetos comuns, a escola...
Como referência prática, eu sugeri a seguinte história, que está no livro A Vida Escreve, do Espírito Hilário Silva, psicografia de Chico Xavier:
NÃO VALE A PENA
Antônio Sampaio Júnior, valoroso tarefeiro do Centro Espírita “Regeneração”, do Rio de Janeiro, era humilde servidor num escritório.
Zeloso, correto, madrugador.
Certa feita, mal havia espanado os móveis pela manhã, para sentar-se à máquina de escrever, foi procurado por amigo situado no comércio do Rio.
- Sampaio – disse o visitante, sem rebuços -, sei que você é espírita e esfalfa-se, há muito tempo, enfrentando dificuldades. Quanto você ganha mensalmente?
- Quatro mil cruzeiros.
O homem fez um gesto irônico e observou:
- Não vale a pena.
E prosseguiu:
- Não ignoro que você tem deveres de caridade na instituição que freqüenta, socorrendo órfãos e amparando viúvas... Cimo é que você arranja numerário para esse fim?
- Gasto o que posso, e, quando a despesa ultrapassa os recursos, tenho amigos... Faço listas, apelos...
- Não vale a pena. Estou informado de que você visita os infortunados nos morros, às vezes com sacrifício da própria saúde... Aproveita decerto o carro de alguém...
- Não disponho dessa facilidade. Temos bonde à porta e, depois do bonde, faz sempre bem uma caminhada a pé...
- Não vale a pena. Disseram-me – continuou o homem – que você, às vezes, passa noites à cabeceira de enfermos... Naturalmente, o diretor faz concessões... Boa cama no dia seguinte, ponto facultativo...
- Não é bem assim – falou Sampaio, humilde -, nem sempre posso visitar os doentes, mas se o faço, meu dia de serviços corre normal...
O amigo meteu a mão no bolso interno, trouxe à luz um documento e abriu-se, por fim:
- Pois é, Sampaio, admirando você como sempre, resolvi auxiliá-lo de vez. É tempo de você melhorar. Preciso de um sócio para um negócio da China... Três milhões de cruzeiros. Você assina comigo a papelada e acompanharei todo o assunto... Gastaremos talvez uns quinhentos contos na tramitação do processo... É um navio velho que vamos desencravar... Tudo pronto, você e eu ficaremos provavelmente com mais de um milhão cada um. Basta só que você assine...
Sampaio, sem desejar ofender, perguntou:
- Creio na lisura da iniciativa, mas há algum inconveniente a considerar?
- Bem, o assunto envolve alguns interesses de repartições públicas, mas temos noventa e nove probabilidades a nosso favor...
- E se falharem as noventa e nove?...
- Ah! Se vier o contra – informou o amigo, evidentemente desapontado -, teremos entrevista no Distrito Policial.
Sampaio, sem perder a serenidade, falou simples:
- Não vale a pena.
E recomeçou a espanar.
SE ALGUÉM QUISER A HISTÓRIA, TENHO AS GRAVURAS. DEIXA UM COMENTÁRIO COM EMAIL E EU ENVIO.
Mas voltando à aula, como atividade, sugeri uma atividade onde a criança fizesse aqueles jogos de ligar, sabe? Onde houvessem os objetos e as imagens, a criança tendo que ligar cada objeto ao "dono". Pode-se fazer, também, uma folha com todos os objetos para a criança recortar e colar em outra folha, onde haverá seus respectivos "donos".
Como crianças de 6 e 7 anos são bem rápidas em fazer atividades, como plano B, pode-se fazer um grande mural com o título "Respeito à Propriedade Alheia", onde as crianças coloquem desenhos feitos por elas sobre o tema. O evangelizador pode levar imagens para complementar o mural, bem como papeis coloridos, giz de cera e outras coisas para que as crianças façam a "Arte" no mural. Como plano C, levar a história ilustrada (em forma de livrinho, por exemplo) para a criança colorir e levar para casa ou para ela colorir e colar no mural. Mas isso é plano C!
Bem, espero que a idéia seja útil.
Ah, e as idéias aqui colocadas não são todas minhas. Pedi ajuda a pessoas mais experientes para me auxiliarem nas idéias. BRIGADA, PESSOAS!!! PRINCIPALMENTE VOCÊ, SÔNIA, SALVADORA DA PÁTRIA!!! MINHA MUITO QUERIDA DECIFRADORA-E-ORGANIZADORA-DE-IDÉIAS-MIRABOLANTES-QUE-EU-MESMA-NÃO-ENTENDO!!! Coitada, gente, eu ligo pra ela com um verdadeiro enigma de idéias soltas, e ela além de entender o que estou querendo dizer (isso é praticamente decifrar códigos complicados, porque nem eu me entendo às vezes), ainda me auxilia a colocar as idéias em ordem!
Vamos nos lembrar que nós evangelizadores somos todos, não importando onde estamos, membros de uma mesma e GRANDE equipe, já que o objetivo é o mesmo para todos nós!